Docentes das Dioceses de Faro, Beja e Évora debatem o papel da herança cultural no ensino básico e secundário.
Durante dois dias, de 6 a 7 de Abril, docentes das Dioceses de Faro, Beja e Évora debatem o papel da herança cultural no ensino básico e secundário. A experiência do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, considerada pioneira a nível europeu e recentemente distinguida pela Fundação Calouste Gulbenkian com o Prémio Vasco Vilalva, serve de fio condutor para a iniciativa, que conta com o apoio do Secretariado Nacional de Educação Cristã.
O património cultural constitui um recurso educativo muito importante, mas de facto escassamente lembrado, em termos gerais, no quotidiano das nossas comunidades educativas. Ao longo dos últimos tem-se procurado inverter esta realidade, trazendo o conhecimento dos mais variados bens culturais para o interior das salas de aula. Falta, porém, o movimento inverso: utilizar os recursos patrimoniais disponíveis no terreno como uma aula imensa, uma aula aberta sobre o mundo onde cabe o ensino não só das disciplinas mais “óbvias”, como a história e as artes visuais, mas também de outras matérias aparentemente menos tangíveis nesta perspectiva: a identidade comunitária, a defesa nacional, a filosofia, a protecção civil, a ecologia…
Um dos campos em que o património é deveras eloquente tem que ver com a pedagogia da ética e da história das religiões. Todavia, por paradoxal que isso possa parecer, tem sido pouco utilizado neste âmbito, o que tem que ver, entre outros factores, com as dificuldades surgidas, no seio da própria Igreja Católica, quanto ao entendimento da função da arte sacra. Questões como a deficiente interpretação da liturgia pós-conciliar, a falta de orientação técnica, a tendência para um gosto pouco esclarecido e o empobrecimento da formação artística do clero e das comunidades têm levado à ruptura com o passado. Em contrapartida, as criações culturais contemporâneas são frequentemente de escassa qualidade e duvidoso efeito estético. Resulta daqui uma verdadeira tragédia, em especial quando o país fica indiferente ao destino dos seus monumentos religiosos – e de tudo o que eles contêm e significam.
A consciência de tão complexa realidade levou os Secretariados Diocesanos do Ensino Religioso do Algarve, Beja e Évora, em parceria com o Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, a dedicarem a sua acção de formação de 2009 à temática patrimonial como um esteio fundamental para uma escola da cidadania. Sob o título “Descobrir a Identidade: Património Religioso e Arte Cristã”, esta iniciativa, a decorrer em Beja de 6 a 7 de Abril, visa ajudar a compreender o mistério cristão da beleza e a sua representação simbólica. Isto abrange o “descerrar de janelas” para a análise dos temas fundamentais da iconografia cristã e a interpretação das principais produções estéticas associadas à temática cristã, quer de âmbito universal, quer de âmbito local. Um novo olhar sobre a arte moderna e contemporânea constitui outro desafio.
Pensado como uma pedrada no charco de um certo cinzentismo que rodeia hoje a «Ars Sacra», o curso de Beja pretende oferecer uma síntese objectiva das potencialidades da herança cultural religiosa como recurso educativo ao serviço da redescoberta da identidade local. Trata-se de procurar responder, a partir da escola, ao papel que o Sagrado e a Memória desempenham na sociedade actual e às suas potencialidades num ensino cada vez mais vocacionado para acolher a diferença, o diálogo inter-religioso e a multiculturalidade. O fio condutor escolhido para este itinerário assenta na experiência, madura de vinte e cinco anos, do Departamento do Património da Diocese de Beja. Foram convidados para isto quatro formadores que fazem parte da equipa técnica do Departamento: José António Falcão (conservador de museus), António Martins Quaresma (historiador), Nuno Afonso (escultor) e António Paisana (pintor).
A VII Acção Interdiocesana do Sul do Ensino Moral e Religioso Católico tem lugar no Beja Parque Hotel e encontra-se aberta a professores de Educação Moral e Religiosa Católica (Segundo e Terceiro ciclos do Ensino Básico e Ensino Secundário) e dos grupos disciplinares de História e Educação Visual (Segundo Ciclo) e História e Artes (Terceiro Ciclo e Secundário). O programa dos trabalhos inclui uma visita aos principais monumentos de Beja.
Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja(Legenda da fotografia: Baptismo de Cristo no Jordão. Fragmento de têxtil litúrgico. Séc. XIV - Santiago do Cacém, Museu de Arte Sacra)
Durante dois dias, de 6 a 7 de Abril, docentes das Dioceses de Faro, Beja e Évora debatem o papel da herança cultural no ensino básico e secundário. A experiência do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, considerada pioneira a nível europeu e recentemente distinguida pela Fundação Calouste Gulbenkian com o Prémio Vasco Vilalva, serve de fio condutor para a iniciativa, que conta com o apoio do Secretariado Nacional de Educação Cristã.
O património cultural constitui um recurso educativo muito importante, mas de facto escassamente lembrado, em termos gerais, no quotidiano das nossas comunidades educativas. Ao longo dos últimos tem-se procurado inverter esta realidade, trazendo o conhecimento dos mais variados bens culturais para o interior das salas de aula. Falta, porém, o movimento inverso: utilizar os recursos patrimoniais disponíveis no terreno como uma aula imensa, uma aula aberta sobre o mundo onde cabe o ensino não só das disciplinas mais “óbvias”, como a história e as artes visuais, mas também de outras matérias aparentemente menos tangíveis nesta perspectiva: a identidade comunitária, a defesa nacional, a filosofia, a protecção civil, a ecologia…
Um dos campos em que o património é deveras eloquente tem que ver com a pedagogia da ética e da história das religiões. Todavia, por paradoxal que isso possa parecer, tem sido pouco utilizado neste âmbito, o que tem que ver, entre outros factores, com as dificuldades surgidas, no seio da própria Igreja Católica, quanto ao entendimento da função da arte sacra. Questões como a deficiente interpretação da liturgia pós-conciliar, a falta de orientação técnica, a tendência para um gosto pouco esclarecido e o empobrecimento da formação artística do clero e das comunidades têm levado à ruptura com o passado. Em contrapartida, as criações culturais contemporâneas são frequentemente de escassa qualidade e duvidoso efeito estético. Resulta daqui uma verdadeira tragédia, em especial quando o país fica indiferente ao destino dos seus monumentos religiosos – e de tudo o que eles contêm e significam.
A consciência de tão complexa realidade levou os Secretariados Diocesanos do Ensino Religioso do Algarve, Beja e Évora, em parceria com o Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, a dedicarem a sua acção de formação de 2009 à temática patrimonial como um esteio fundamental para uma escola da cidadania. Sob o título “Descobrir a Identidade: Património Religioso e Arte Cristã”, esta iniciativa, a decorrer em Beja de 6 a 7 de Abril, visa ajudar a compreender o mistério cristão da beleza e a sua representação simbólica. Isto abrange o “descerrar de janelas” para a análise dos temas fundamentais da iconografia cristã e a interpretação das principais produções estéticas associadas à temática cristã, quer de âmbito universal, quer de âmbito local. Um novo olhar sobre a arte moderna e contemporânea constitui outro desafio.
Pensado como uma pedrada no charco de um certo cinzentismo que rodeia hoje a «Ars Sacra», o curso de Beja pretende oferecer uma síntese objectiva das potencialidades da herança cultural religiosa como recurso educativo ao serviço da redescoberta da identidade local. Trata-se de procurar responder, a partir da escola, ao papel que o Sagrado e a Memória desempenham na sociedade actual e às suas potencialidades num ensino cada vez mais vocacionado para acolher a diferença, o diálogo inter-religioso e a multiculturalidade. O fio condutor escolhido para este itinerário assenta na experiência, madura de vinte e cinco anos, do Departamento do Património da Diocese de Beja. Foram convidados para isto quatro formadores que fazem parte da equipa técnica do Departamento: José António Falcão (conservador de museus), António Martins Quaresma (historiador), Nuno Afonso (escultor) e António Paisana (pintor).
A VII Acção Interdiocesana do Sul do Ensino Moral e Religioso Católico tem lugar no Beja Parque Hotel e encontra-se aberta a professores de Educação Moral e Religiosa Católica (Segundo e Terceiro ciclos do Ensino Básico e Ensino Secundário) e dos grupos disciplinares de História e Educação Visual (Segundo Ciclo) e História e Artes (Terceiro Ciclo e Secundário). O programa dos trabalhos inclui uma visita aos principais monumentos de Beja.
Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja(Legenda da fotografia: Baptismo de Cristo no Jordão. Fragmento de têxtil litúrgico. Séc. XIV - Santiago do Cacém, Museu de Arte Sacra)
Nenhum comentário:
Postar um comentário