(refletindo a historia da educação)
A partir da tenra infância e durante toda a vida, os pais educam e admoestam seus meninos. Logo que acriança começa a entender, nutriz, mãe, pedagogo e o próprio pai fazem de tudo para que ela se torne o quanto mais possível ótima. Perante qualquer coisa que ela faça ou diga, a ensinam mostrando-lhe: este é justo e aquele é injusto, este é bonito e aquele, feio, este é santo e aquele, ímpio, isto se deve fazer e aquilo é proibido; se ela obedece de boa mente, tudo bem;se não obedece, é endireitada com ameaças e pancadas, como se fosse um lenho curvo e retorcido. Em seguida, entregam-na aos mestres, recomendando-lhes que cuidem do bom comportamento da criança mais do que do ensino das letras e cítara. E disto cuidam especialmente os mestres.
E quando as crianças já começam entender as letras, isto é, começam a entender, primeiro, as letras faladas e, em seguida, as letras escritas, são colocadas na frente, cobre um assento, para que leiam os versos dos melhores poetas, que contém muitos ensinamentos, muitas histórias educativas, solenes elogios e públicos encômios de homens virtuosos da antiguidade, e as obrigam a decorá-las para que a criança, por emulação, tente imitá-los, visando em tudo se tornar como eles.
Os mestres de cítara, por sua vez, no que lhes compete, cuidam da temperança e se preocupam para que os jovens não pratiquem nada de mal. E quando já sabem tocar a cítara, ensinam-lhes os versos de bons poetas melódicos, adaptando tais cantos à música da cítara e se esforçando por imprimir no espírito dos jovens os ritmos e as harmonias, para que se tornem mais mansos e, tornando-s mais eurrítmicos e harmoniosos, sejam valentes no falar e no agir, porque a inteira vida humana precisa de ritmo e harmonia.
As crianças são enviadas também ao mestre da ginástica, para que, sendo seus corpos mais fortes, obedeçam melhor, como à voz dos remadores, às boas disposições da inteligência e não se tornem fatalmente covardes, quer em guerra,quer em outras ações, pela fraqueza do seu corpo.
É claro que esta educação é possível especialmente aos que têm maiores possibilidades, isto é, aos mais ricos, cujos filhos começam a frequentar os mestres em idade mais nova do que os outros e os deixam mais tarde.
Após terem deixado os mestres, a cidade os abriga a aprender as leis e a viver segundo seu modelo, para que não se comportem segundo seus caprichos,(...) Tamanha é, portanto, a preocupação dos particulares e do Estado pela virtude.(Pitágoras, 325 c326e.)
Citado por: MANACORDA, M.A. História da educação,da Antiguidade aos nossos dias. São Paulo, Cortez.1989. p.52-3
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