Brasão da Cia. de Jesus 1º modelo pedagógico Brasil 1549 a 1759.

"O sucesso não é o final e o fracasso não é fatal: o que conta é a coragem para seguir em frente."

5 de set. de 2009

O FEBEAPÁ do ENADE, revisited! (Simon's Site)

Leiam a brilhante análise do Dr. Simon sobre a matéria do Estado de São Paulo, é de parar pra pensar!

MEC: um em cada 4 professores se forma em curso ruim”, diz O Estado de São Paulo, dando como ruim uma notícia que, se fosse verdadeira, seria ótima: 3 em cada 4 professores se forma em um bom curso!

TEM SENTIDO NÃO ACHAM? SE APENAS UM TEM UMA FORMAÇÃ RUIM SIGNIFICA QUE OS OUTROS 3 SÃO DE ÓTIMA FORMAÇÃO, SERÁ?!(COMENTÁRIO MEU)

Mas é claro que não é nada disto. Como os resultados das provas do ENADE são “normalizados” em uma distribuição simétrica, sempre vai haver mais ou menos um quarto no nível inferior, mais ou menos um quarto no nível superior, e muitos cursos no meio. Este mesmo tipo de bobagem aparece em outras notícias, que procuram comparar resultados de áreas diferentes, como se as pontuações fossem comparáveis. Também não faz sentido comparar os resultados de um ano para outro, porque as provas variam de ano a ano, e todas são “normalizadas” cada ano.

O fato é que o ENADE não trabalha com conceitos de “bom”, “ruim” ou mais ou menos, mas, simplesmente, ordena os cursos em uma escala de 5 pontos, distribuições parecidas para cada área como a do quadro ao lado, feito para todas as áreas em conjunto. Se todos os cursos forem muito bons, ou muito ruins, a distribuição vai ser sempre a mesma.

A culpa das bobagens é, em parte, da imprensa, que já deveria ter entendido isto, e não continuar a repetir os mesmos equívocos ano a ano. Mas a culpa também é do MEC, que continua produzindo e publicando estes índices apesar dos grandes problemas que existem na maneira em que são calculados, coisa também já suficientemente discutida (veja “O Conceito Preliminar dos Cursos e as boas práticas de avaliação da Educação Superior”).

Nos debates sobre a avaliação da educação, eu sempre fui a favor da utilização de dados quantitativos e comparáveis; mas o mal uso reiterado destas metodologias dá muita força aos argumentos dos que sempre se opuseram a elas.

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FEBEAPÁ: para as novas gerações, que não sabem, trata-se do Festival de Besteiras que Assola o País, frase criada décadas atrás por Estanislao Ponte Preta. (Disponível em http://www.releituras.com/spontepreta_festival.asp)

MEC: um em cada 4 professores se forma em curso ruim

AE - Agencia Estado

SÃO PAULO - Um em cada quatro futuros professores do País se forma em cursos de má qualidade. São 71 mil alunos em 292 cursos de Pedagogia que receberam os mais baixos conceitos em avaliações do Ministério da Educação (MEC). Só 9 dos 763 avaliados tiveram nota máxima. A má formação de professores é apontada por especialistas como uma das causas da baixa qualidade do ensino - principalmente público - no Brasil. Recentemente, governos federal e do Estado de São Paulo lançaram programas para formar mais docentes em universidades de excelência e capacitar os que estão trabalhando.

A quantidade de cursos de Pedagogia ruins cresceu desde a última avaliação, em 2005. Eram 172 cursos com índices 1 e 2 no Exame Nacional de Desempenho do Estudante (Enade), o que equivalia a 28,8% do total, e agora são 30,1%. A área, que forma professores, coordenadores e diretores para as escolas brasileiras, tem hoje 284 mil alunos. É a terceira graduação com o maior número de estudantes no País e a mais numerosa entre as avaliadas no ano passado.

O MEC divulgou ontem os resultados de exames feitos em 30 áreas. Além de Pedagogia, foram avaliadas as engenharias, licenciaturas e cursos tecnológicos. O cruzamento dos resultados da avaliação com o número de alunos foi realizado pelo Estado. O ministério agrupa as áreas da graduação em três blocos e a cada ano um deles passa pelos exames. Os formandos e os calouros participam do Enade, que substituiu o Provão.

"Uma melhora contribuiria muito para o avanço da qualidade da educação no País", diz a diretora executiva da Fundação Lemann, Ilona Becskeházy. Segundo ela, quem faz Pedagogia hoje no Brasil é o jovem já mal formado pelo ensino básico e que opta por curso menos concorrido. "Se quisermos ter professores melhores, os cursos devem exigir mais dos que entram."

Especialistas alertam para o excesso de teoria nos cursos de Pedagogia. "Há distanciamento da realidade da sala de aula. O curso forma para ser especialista, professor de faculdade, e não professor de sala de aula", diz Zélia Cavalcanti, coordenadora do Centro de Formação da Escola da Vila. O professor da Faculdade de Educação da USP Ocimar Munhoz Alavarse acredita que os cursos de formação de professores são o grande desafio na educação básica brasileira. "Não temos reserva de mercado, há que se trabalhar com os professores que temos."

Déficit

O Brasil tem déficit de professores principalmente em áreas como biologia, física e química. Neste ano, o governo federal lançou um programa com 331 mil vagas em cursos de Licenciatura de universidades públicas para professores que já lecionam e não têm graduação ou são formados em disciplinas diferentes das que atuam. Entre os piores cursos de Pedagogia há 59 oferecidos por instituições públicas, entre elas, nove federais. A Unesp têm quatro cursos entre os melhores do País. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.